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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Decidindo o valor da aposentadoria


Ao contratar um plano de previdência privada, decidir qual será o valor da renda complementar ideal para garantir autonomia, paz e sossego na aposentadoria, e possível de ser acumulado com o salário atual não é tarefa fácil. Em primeiro lugar, com o efeito da inflação, o dinheiro perde seu valor ao longo dos anos. Ou seja, uma pessoa que ganha R$ 5 mil tem maior poder de compra hoje do que terá daqui a uma década se mantiver a mesma renda. Além disso, os gastos tendem a aumentar - e não diminuir, como se imagina - com a chegada à terceira idade. Para garantir a pendura das chuteiras com a mesma qualidade de vida e sem a necessidade de depender de familiares, portanto, é preciso se planejar.

No Brasil, poucos são os que chegam à idade de se aposentar com uma reserva que permita parar por completo de trabalhar. O mais comum, destaca o economista e planejador financeiro Fabiano Calil, é que a rotina de trabalho continue e, com isso, permaneçam os custos atrelados a ela. Custeios com a educação e o sustento dos filhos tampouco costumam desaparecer, já que hoje sai-se cada vez mais tarde de casa. E as despesas com saúde dão um salto com o envelhecimento.

- Não conheço nenhum caso em que a despesa das famílias tenha diminuído de fato. O padrão de consumo não diminui - resume Calil.

Como fórmula para calcular o patrimônio esperado, o especialista indica uma equação proposta no livro "O milionário mora ao lado", dos americanos Thomas Stanley e William Danko. Um indivíduo deve pegar sua idade, multiplicar por sua renda bruta anual e dividir por dez. Esse é o montante que ele deveria ter guardado hoje para manter seu padrão de consumo na aposentadoria. Essa conta, diz, tem como objetivo mostrar que, poupando-se 10% da renda bruta anualmente mantém-se o patrimônio.

Poupar sempre é o segredo

Segundo Calil, com o cenário de estabilidade econômica do país hoje, mais importante do que contabilizar os juros que vão influenciar a acumulação, é educar-se para poupar. E o plano de previdência oferece essa "disciplina guardadora", graças à possibilidade de pagar boletos mensais ou efetuar descontos no contracheque. Além dele, deveria ser feita uma poupança para o curto prazo e outra para o longo prazo, defende.

- A mágica é guardar dinheiro regularmente ao longo dos anos.

Muitas seguradoras já oferecem opções de simulação em seus sites. Considerando que haverá mais gastos na idade em que as pessoas costumam se aposentar, o educador financeiro e criador do site "Dinheirama", Conrado Navarro, propõe um cálculo diferente, acrescentando 50% à renda que se tem hoje para fazer uma estimativa ao contratar um plano de previdência complementar.

- Não é possível prever com exatidão. O mais importante é considerar que o padrão de vida se elevará por conta de interesses pessoais, mas com ele subirá o custo de vida, já que as despesas com saúde (planos ou emergências) aumentará, bem como os gastos com lazer e atividades relacionadas ao tempo livre. Acho prudente pensar em pelo menos 50% a mais de renda em relação ao atual padrão de vida, o que dará tranquilidade à família e independência ao idoso - diz.

Ele propõe uma simulação com um indivíduo de 30 anos, que planeja se aposentar com 65 anos, tem hoje uma renda de R$ 3 mil e fará contribuições mensais com uma rentabilidade anual projetada de 5% e terá o benefício por 15 anos (dos 65 ao 80). Essa pessoa deveria contratar um plano que lhe garantisse ao menos R$ 4.500 ao se aposentar. Supondo que receberá, ainda, R$ 1 mil da Previdência Social, teria de investir R$ 497,63. Para a simulação, foi usada uma tábua biométrica (referência usada para calcular o benefício com base na expectativa de vida) AT 2000 masculina e taxa de retorno de 3% ao ano após a concessão do benefício. O valor não está líquido de imposto de renda.

O especialista recomenda que se poupe, no mínimo, 15% da renda para os planos de previdência complementar, "porque esse valor normalmente permite um acréscimo da ordem de 30% a 50% no valor da renda em relação ao padrão de vida atual do investidor. Isso vale para contribuições de 30 anos ou mais.

Para Fabiano Calil, é possível comparar a experiência de poupança com à de projetos pessoais, como parar de fumar ou começar a correr. Nos três casos, o montante conquistado, seja a quantidade de dias sem cigarro, a distância percorrida ou o dinheiro em caixa, é motivador para que a dedicação seja maior - e também o prêmio. (Renata Cabral - Portal G1)



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